Como bisneto de uma benzedeira o contato com algumas ervas e plantas sempre esteve presente na minha infância. Muitas plantas cresciam de forma espontânea em nosso quintal e, uma dessas plantas era a Aroeira. Algumas vezes gostava de brincar com seus frutos sem saber que estava brincando com uma planta alimentícia não convencional, rica em propriedades nutricionais e medicinais. Você sabia que Aroeira é uma PANC? Aroeira (Schinus terebinthifolia Raddi) é uma planta nativa do território brasileiro, estando presente em muitas comunidades rurais e usada para os mais diversos fins: suas folhas para o preparo de macerados e pomadas cicatrizantes, óleo com ação repelente, banho de assento para tratar infecções genitais, seus frutos usados na culinária como condimento e extração de óleo para fins terapêuticos; sua madeira para lenha e construção; e além de tudo isso, ainda é muito apreciada para arborização e ornamentação urbana.
Por causa da sua propagação em diversos Estados, essa planta multiuso tem vários nomes populares, como: pimenta-rosa, aroeira de remédio, aroeira pimenteira na Bahia, árvore-da-pimenta em Minas Gerais, aroeira-de-sabiá no Rio de Janeiro, aroeira rasteira em Alagoas e aroeira vermelha em Santa Catarina.
A espécie pode chegar até 10m de altura, uma planta importante para o reflorestamento ambiental, pode ser caracterizada como pioneira (as primeiras que se instalam no local) ou secundária (que vem depois das pioneiras no sistema florestal ou agroflorestal). Seus conjuntos de pequenas flores branco-esverdeada e branco-amarelada, podem alimentar as abelhas nativas para produção de mel, porém a florada não tem regularidade. Algumas plantas podem chegar a produzir até duas vezes ao ano. Dessa forma a espécie garante seu fruto em diversas estações do ano.
Utilizada na culinária como condimento em preparo de pratos salgados e doces, a pimenta-rosa, fruto da aroeira, é muito apreciada principalmente na gastronomia internacional. Apresenta fruto pequeno de cor vermelha, vendido desidratado e geralmente a granel. Além do mais a pimenta-rosa pode ser considerada alimento funcional, incluindo propriedades terapêuticas com função antioxidante e antimicrobiana.
Algumas de suas propriedades:
• Capsaicina – substância que determina a ardência do fruto e possui propriedades fitoterápicas. O fruto possui alto teor de capsaicina (12,8%) valor próximo ao da pimenta malagueta que atinge 15%. A capsaicina por ser um alcaloide estável não se deteriora com tanta facilidade, pode ser congelado e cozido e mesmo assim mantém sua propriedade. Alimentos ricos em capsaicina devem ser consumidos com moderação pois o consumo em grandes quantidades pode causar toxicidade.
• Vitamina C - A pimenta rosa tem um alto teor de Vitamina C, em média, 17,3 (mg 100g-1), considerando a recomendação de consumo diário de Vitamina C de 30 mg diários para adultos, determinada pela FAO/OMS.
• Carotenoide – responsável pela cor vermelha da pimenta rosa é encontrado em alta concentração (27,5 µg g-1). Substância com função antioxidante e precursor de vitamina A. Podendo reduzir o risco de catarata, câncer, os processos de envelhecimento e arteriosclerose. Esse composto tem ampla distribuição na natureza, porém geralmente as fontes de carotenoides são de frutos sazonais, fazendo-se necessário ter uma boa desidratação e armazenamento.
Atualmente existem poucos estudos voltados para o uso alimentícios da pimenta rosa, alguns autores sugerem que é necessário a busca por essas alternativas, a formulação de novos ingredientes agregam valor a culinária e principalmente a quem produz. Estudos sensoriais testaram a pimenta rosa com vinagre e a pimenta rosa com azeite de oliva, os resultados demonstraram que a formulação com azeite teve maior aceitação.
E então, gostou da Aroeira? Já pensou em experimentar os novos sabores que a Aroeira traz, com o seu jeitinho de cozinhar?
Cláudio José Costa Souza e Jefferson Vinicius Bomfim Vieira
Profª. Drª. Vanessa Pamponét e Profª. Drª. Cinira Farias
Nome Científico:
Schinus terebinthifolia Raddi
Nome Popular:
Pimenta-rosa, aroeira de remédio, aroeira pimenteira, árvore-da-pimenta, aroeira-de-sabiá, aroeira rasteira, aroeira vermelha
Ocorrência:
Partes utilizadas:
Frutos
Pimenta-rosa desidratada
Colha quando o fruto estiver vermelho intenso ( a colheita deve ser feita em cerca de 80% dos frutos destinando o restante para o banco de sementes no solo). Seque por oito dias na sombra ou por quatro dias sob a luz solar (a secagem solar provoca maior destruição dos carotenóides). Utilize de preferência panos secos ou papel para colocar sobre ele o fruto. (Assim aumenta a circulação de ar impedindo acúmulo de umidade). Armazene dentro de um pote de vidro ou em sacos de papel.
Conserva de pimenta rosa com vinagre
Encha uma garrafa de 1L com frutos de aroeira, a pimenta-rosa. Acrescente uma colher bem cheia de sal, dentes de alho à vontade. Preencha a garrafa com vinagre até 90% de sua capacidade, e o restante com água.
Conserva de pimenta-rosa no azeite
Encha um pote de vidro com frutos de aroeira, a a pimenta-rosa. Acrescente azeite até cobrir os frutos.
Chips de batata doce com pimenta-rosa
Corte a batata em rodelas fininhas. Unte uma forma com o azeite da conserva de pimenta-rosa no azeite. Espalhe as rodelas sobre a forma untada, salpique sal, ervas à gosto, regue com o azeite novamente e leve ao forno por 30 minutos.
Procurando PANC e derivados para refeições saudáveis e biodiversas? Clique aqui!
Cláudio José Costa Souza: Técnico em Agropecuária pela Escola Média de Agropecuária da Região Cacaueira (EMARC). Licenciado em Matemática pela Faculdade de Tecnologia e Ciência. Graduando em Agroecologia pelo Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia Baiano, campus Uruçuca. Curso de formação cooperativista pelo serviço nacional de aprendizagem do cooperativismo, no estado da Bahia. Qualificado em produção de mudas florestais: uma visão econômica e sócio-ambiental pela Universidade Estadual de Santa Cruz (UESC). Participação no projeto de extensão PANC: Alimente-se de forma saudável e Sustentável do IFBAIANO, campus Uruçuca. Instrutor em oficinas sobre alimentação nutritiva sustentável utilizando PANC no I Meiológico e na Semana Nacional de Ciência e Tecnologia do IFBAIANO, campus Uruçuca.
Currículo LattesJefferson Vinicius Bomfim Vieira: Graduando em Agroecologia pelo Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia Baiano, campus Uruçuca. Qualificado em gestão da propriedade rural com adaptação as mudanças climáticas pela Organização de Conservação da Terra (OCT). Auxiliar de fiscalização ambiental pelo Instituto Tecnológico Brasileiro (ITB). Desenvolve projetos e atividades de extensão em campo com comunidades, utilizando as ferramentas de Diagnóstico Rápido Participativo (DRP) e metodologias de intervenção. Trabalha com assistência técnica rural especializada e qualificada. Desenvolve trabalhos de Pesquisa em Adubação Orgânica. Foi bolsista do projeto de pesquisa “Sistemas Agroflorestais com o povo indígena Tupinambá da aldeia de Olivença” financiado pelo CNPQ e atualmente é aluno bolsista do projeto de pesquisa “Avaliação do incremento de carbono em sistemas agroflorestais no sul e baixo sul da Bahia” financiado pelo IFBAIANO. Participação no projeto de extensão PANC: Alimente-se de forma saudável e Sustentável do IFBAIANO, campus Uruçuca.
Currículo Lattes