Já são 5 anos de trabalho com o Mato no Prato e muita coisa mudou desde que eu ouvi o termo “PANC” pela primeira vez. Antes, era raro encontrar quem já tivesse ouvido falar nisso, hoje, muita gente já identifica essa palavrinha sonora e sabe que não se refere ao ritmo musical.
Entretanto, com a popularização do termo, surgem os pequenos equívocos, ou simplesmente as pessoas se sentem mais íntimas e naturalmente inserem uma letrinha S ao final. Está tudo bem! Até o próprio Valdely Kinupp, criador do conceito “Plantas Alimentícias Não Convencionais”, já plurarizou as “PANCS” em alguns momentos.
Mas venho cumprir o meu dever de informar: o tal “S” no final, não existe.
Nem PANCS, nem PANCs, nem PANC’s. Plantas Alimentícias Não Convencionais são só PANC mesmo!
Não é uma decisão nem minha nem sua, nem do próprio Valdely Kinupp… mas sim da nossa língua portuguesa.
Sabem por que?
Me acompanhem: PANC não é uma sigla, como seria “IBGE”, por exemplo, onde se pronuncia cada letra separadamente… PANC é um acrônimo! Ou seja, uma junção de letras que, quando lidas por extenso, criam um verbete.
Esse acrônimo foi uma sugestão esperta da nutricionista Irany Arteche, entusiasta da alimentação biodiversa, amiga e parceira de trabalho do Kinupp.
O caso é que, por ser acrônimo, não se usa o plural. Dizer “PANCS” é um erro de português, do mesmo jeito que falar “brusinha” kkk
Essa explicação está na introdução do livro “Plantas Alimentícias Não Convencionais (PANC) no Brasil”, lançada pelo Kinupp em parceria com o Harry Lorenzi em 2014 e hoje considerada a “Bíblia das PANC” por muitos.
Segue o trecho:
“Não estamos usando o apóstrofo s depois de PANC(‘s) porque, apesar do uso corrente e comum (e.g., PANCs ou PANC’s; SAFs ou SAF’s; PFNMs ou PFNM’s, só para citar alguns acrônimos comuns no meio agronômico, florestal e agora gastronômico-nutricional), este uso é correto no português clássico apenas para cindir graficamente uma contração ou aglutinação vocabular. Neste caso, o plural faz-se com o artigo (e.g., a PANC ou as PANC).”
Em outras palavras: É só PANC mesmo!
As pessoas têm liberdade de falar como quiserem, modos, sotaques, trejeitos têm sua “licença poética”, mas quem trabalha com o assunto deve estar antenado em propagar o termo correto, combinado?