Também conhecida como macaquinho, bananinha-do-japão, caju-do-japão, chico-magro, gomari, mata-fome, passa-do-japão, pau-doce, pé-de-galinha, uva-da-china e uva-paraguaia, a uva-do-japão foi descrita pelo botânico sueco Carl Peter Thunberg (1743 –1828) durante suas expedições pela Ásia, com o nome científico de Hovenia dulcis.
A uva-do-japão pertence à família Rhamnaceae (família do juazeiro), e é caracterizada pelas suas árvores de copa grande, globosa e ovalada, casca externa lisa, levemente fissurada, parda ou acinzentada e casca interna esbranquiçada. São caducifólias, o que significa que suas folhas - ovais com as pontinhas acuminadas e as margens serreadas - caem em determinada estação (no Brasil, abril a agosto). As flores, pequenas, branco-esverdeada a creme, são muito numerosas, deixando a planta ainda mais bonita no período de floração, que vai de agosto a fevereiro. Além disso, são muito perfumadas! Os frutos são pequenas cápsulas globosas, medem cerca de 6 mm, contêm 2 a 4 sementes, e amadurecem de março a outubro.
Neste momento, talvez você esteja se perguntando “O que??? Frutos secos?”. A gente explica: a parte carnosa, comestível, suculenta e deliciosa dessa espécie, não é o fruto, mas sim o pseudofruto!
Quando uma flor é polinizada, o grão de polen fecunda o óvulo, que se desenvolve formando a semente. Ao mesmo tempo, ocorre o desenvolvimento do ovário floral, que se torna o fruto. Porém nem sempre o fruto é carnoso e atrativo para os animais. Mas a evolução é um processo maravilhoso, minha gente, e presenteou algumas espécies com o desenvolvimento de outras partes da flor em estruturas carnosas. Assim, elas ficam mais atrativas para animais que, ao comê-las, acabam ingerindo também o fruto e ajudam a dispersar as sementes. Por não serem resultantes do desenvolvimento do ovário, essas estruturas são denominadas pseudofrutos, embora sejam popularmente chamadas de frutos. O caju é um exemplo famoso de pseudofruto, em que a parte carnosa é o desenvolvimento da estrutura floral, e o fruto verdadeiro é só a parte dura onde está a castanha (semente). Mas nós divagamos, vamos voltar à uva-do-japão.
Esse é também o caso dela. Seus frutos ficam presos a pedúnculos cor de canela, que se tornam espessados e carnosos ao madurar. Se você passar por debaixo de uma árvore dessas no período certo, vai ver centenas, talvez milhares, desses pseudofrutos no chão, pois eles amadurecem e caem. Não fique tímido, pode apanhar, lavar e comer: é uma delícia. Os pseudofrutos têm cheiro de pera, sabor adstringente enquanto verdes, e se passados, um gostinho levemente alcoólico, oriundo da fermentação dos açúcares. Tem pra todo gosto, né? Particularmente, prefiro maduro!
A uva-do-japão é um excelente alimento, veja seus nutrientes e os benefícios associados a eles:
- Carboidratos: fonte de energia para o organismo
- Lipídios: fornecem energia e possibilitam o transporte de vitaminas lipossolúveis
- Vitamina C: presente em grande quantidade, atua na síntese de colágeno, na resistência a infecções e também como antioxidante.
-Fibras alimentares: desempenham funções importantes, por exemplo, no metabolismo dos lipídeos e carboidratos, na fisiologia gastrointestinal, e promovem a sensação de saciedade.
- Cálcio: importante para a formação e manutenção de ossos e dentes, transmissão nervosa e regulação da função do músculo cardíaco
- Magnésio: um mineral importante para o aprendizado e a memória
- Ferro: envolvido na imunidade e no desempenho cognitivo, zinco, essencial na defesa imunológica e na cicatrização
- Manganês: essencial para o metabolismo adequado dos aminoácidos, das proteínas e dos lipídios
- Cobre: essencial para o funcionamento adequado dos mecanismos de defesa do sistema imunológico.
Por serem alimentos ricos e saborosos, os pedúnculos são usados para a elaboração de sucos, milk-shakes, vinhos, vinagres, geleia e doces em geral. Podem ser ingeridos in natura, secos, em forma de uva-passa, de farinha, ou em substituição ao mel ou ao açúcar. Mas sua utilização não para por aí. A uva-do-japão é uma planta pioneira (uma das primeiras que nasce e cresce quando uma mata é derrubada), se desenvolve sob sol pleno e se adaptou bem ao clima brasileiro, e por isso é utilizada em reflorestamentos, na ornamentação de avenidas e parques, e na reconstituição de matas ciliares, onde serve também de alimento para os peixes. É ótima para a apicultura, pois produz néctar e polen, e atrai abelhas com seu aroma adocicado. Animais domésticos e gado também apreciam a uva-do-japão, embora ela não seja indicada para ruminantes por reduzir os microorganimos ruminais. Na medicina tradicional, é utilizada como antifebril, anti-asmático, laxativo, diurético, calmante estomacal, tratamento dos sintomas do consumo de álcool (famosa ressaca!) e no combate às afecções intestinais. Pensa que só humanos conhecem os poderes da uva-do-japão? Não senhores! Os bugios-ruivos também consomem essa planta para combater parasitoses! Suas propriedades medicinais têm sido estudadas recentemente, e pesquisadores têm demonstrado seu potencial para inibição do crescimento de células tumorais, para o combate a parasitas e para o tratamento de diabetes e sintomas associados. Como se não bastasse tudo isso, a danada ainda é boa para a produção de alguns tipos de papel, ótima para a construção civil e para a indústria moveleira, e excelente para a produção de energia em forma de lenha!
Fala aí: é ou não é completíssima, essa PANC? Por outro lado, uma séria polêmica envolve a uva-do-japão: em alguns estados há recomendação para não se plantar a espécie, porque ela pode acabar se tornando uma invasora. Embora seja nativa da China, do Japão e da Coreia, foi introduzida no Brasil pela própria Embrapa, e hoje é bastante comum, principalmente no sul do país, onde se adaptou bem até demais ao clima e ao solo. Por ser docinha e suculenta, parece que os animais silvestres preferem esses frutos importados aos nativos, e acabam dispersando suas sementes. Assim, as árvores nativas vão sendo substituídas pela uva-do-japão, causando graves problemas ao ecossistema.
Então já sabe, né? Se encontrar uma uva-do-japão, aprecie sem moderação! Mas nada de ficar dispersando sementinhas por aí!
Nome Científico:
Hovenia dulcis
Nome Popular:
uva-do-japão, macaquinho, bananinha-do-japão, caju-do-japão, chico-magro, gomari, mata-fome, passa-do-japão, pau-doce, pé-de-galinha, uva-da-china e uva-paraguaia dentre outros
Partes utilizadas:
pseudofrutos, madeira e folhas
Cookies de uva-do-japão:
Misture 1 ovo com 45g de manteiga, e em seguida acrescente farinha de trigo (100g), farinha de aveia (80g), amido de milho (40g), farinha de uva-do-japão (20g), açúcar refinado (75g), açúcar mascavo (40g), bicarbonato de sódio (4g), e amendoim moído ou gotas de chocolate (40g), misturando até obter uma massa homogênea. Faça bolinhas de aproximadamente 5g e aperte para abrir. Leve para assar em forma untada, por 15 minutos a 180ºC
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