Talvez você não conheça Cymbopogon citratus (D.C.), mas provavelmente conhece o capim-limão, não é mesmo? Está aí a prova irrefutável da indiscutível importância dos nomes populares de plantas!
Embora a ciência procure estudar e conhecer as plantas, identificá-las e/ou descrevê-las com nomes científicos que seguem um código de nomenclatura muito organizado a fim de evitar confusões, as plantas estão por aí sendo usadas das mais diversas formas pelas mais diversas pessoas e, a maioria delas, não conhece as plantas pelos seus nomes científicos.
Entretanto, o fato de comunidades diferentes terem dado nomes diferentes às plantas, gera muita confusão. A já mencionada Cymbopogon citratus é um excelente exemplo. No Brasil, você pode tomar chá de cana-cidreira, cana-cidreira-do-reino, cana-limão, caninha-limão, capim-cidrão, capim-barata, capim-cheiroso, capim-cidreira, capim-cidrilho, capim-cidró, capim-jossá, capim-limão, capim-santo, chá-de-estrada, erva-cidreira, facapé, falso-patchuli, jaçapé, patchuli ou verbena-da -Índia, sem saber que está consumindo a mesma planta: Cymbopogon citratus. São 20 nomes populares para a mesma espécie!
O contrário também ocorre: não somente Cymbopogon citratus, mas diversas outras espécies (como Lippia alba e Melissa officinalis) também atendem pelo nome popular de erva-cidreira.
Isso não é bem um problema, mas sim uma consequência de características culturais e geográficas do nosso país (e de todos os países onde há plantas! rs). Muitas vezes as plantas se distribuem por regiões extensas e muito antes de um botânico classificá-las, povos distintos já utilizavam essas plantas e já davam a elas os nomes que lhes convinham.
Diz o nosso amigo Kinupp, autor do livro "Plantas Alimentícias Não Convencionais (PANC) no Brasil" (Instituto Plantarum de Estudos de Flora), que embora não seja "uma verdade absoluta, normalmente quanto mais nomes populares tem uma espécie, mais bem distribuída ela é ou mais usos consagrados ela tem".
Isso sim é um problema: fiar-se no nome popular de uma planta e consumi-la sem realmente conhecer bem essa planta. A principal consequência de a nomenclatura popular ser muito mais cultural e tradicional e muito menos sistematizada é o risco de, por exemplo, comer uma taioba tóxica em vez da verdadeira, comestível. Ou o boldo: várias espécies diferentes recebem esse nome popular, e algumas são potencialmente tóxicas.
Por isso, caros leitores comedores de mato, sempre procurem conhecer e pesquisar uma planta muito bem antes de consumi-la! Se possível, busque as plantas pelos seus nomes científicos além dos nomes populares (embora nomes científicos também gerem confusões, mas isso é assunto para um outro artigo!). Procure por fontes confiáveis na internet e, se possível, em livros escritos por autoridades no assunto.
Lembre-se também de que o Mato no Prato está sempre aqui pra te ajudar a incluir cada vez mais biodiversidade nas suas refeições e, claro, sem envenenamentos causados por confusões nomenclaturais! =D
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